quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Doce Engano...

Eu vi que tu olhavas, me recolhi e pensei... Por que não perguntar?
Tu terias gostado? Era um gesto educado? Eu queria saber
Fosse ou não fosse eu me questionava, pelo sim e pelo não, por que não perguntar?
Antemão saberia que eu até poderia ficar paralisado sem nada dizer

Afagaste o cabelo com as mãos semicerradas... Qual o próximo ato?
Foi um jogo? Uma rima? Eu fitando ligava cada gesto a um porquê
Tanta coisa fazia se fazendo de boba... O que querias de fato?
Entre o resto do mundo, era tu ou era eu que iria ceder

Enfim um sorriso, resolvi investir... Já é hora afinal, por que não perguntar?
Fui tomando coragem, um friozinho ascendente usurpando-me o ar
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Atrás de mim um pequeno, afobado, correndo, lhe chamava de mãe
Abriste teus braços, era ele o teu príncipe, o herdeiro do reino mais belo que eu vi.


Victor Carneiro

3 comentários:

Anônimo disse...

Tadinho, e ele achando que ela estava dando moral, rsrsrsrsrs
Que máximo!

Victor Meira disse...

Será, Carlos?

Que interessante: li aquela linha divisora de águas de um jeito diferente do que você leu. E a questão é meramente temporal: na minha leitura, aquela linha conta que ele se deu bem na investida, casou com a moça e teve um filho com ela - que aparece no último parágrafo.

Como o texto está fundamentado em abstrações, a leitura ainda permite uma terceira interpretação (ê laiá, viva a hermenêutica): o protagonista pode ser o filho que desconfia das razões da mãe ("ela", no conto) e se prepara não pra um fim erotizado, mas - porquê não? - pra abrir o berro num choro manhoso: "compra um sorvete pra mim?", sabe? Segundo essa interpretação, há uma troca de protagonistas depois da linha divisora, onde então surge a figura do narrador (no lugar do próprio filho), que observa e nota o acontecimento a partir de um ponto de vista externo.

Bom texto, Victor.
Volto pra ler mais.

Abraço!

Leo Curcino disse...

engraçado que essa terceira percepçao que o victao comentou foi justamente a que eu tive quando li o texto.